sexta-feira, 27 de abril de 2012

Silêncio


Preste atenção... (sirene)... 
Ambulância... está perto... 
 Um, dois, três, vinte. Ao longo ainda a ouvimos, mas não mais é aquele barulho desesperador que diz: ‘Saia da frente, alguém aqui dentro necessita de ajuda’, não. Não. 
Agora nada mais é que um zumbido. 
Parece-me circo, me diz: ‘Venha... vamos observar essa chacota que é a humanidade... hipócritas, sofistas.. o que mais?’ 
Tudo bem. Amáveis, quero-te, amigo... cem, malditos, onde foi? Onde esteve? Aqui? Sim. Sim. Mas do que adianta se o quero-te se transforma em nego-te? 
Adeus?? Não... Também sou humana, também sou hipócrita, sofista... Todos somos. 
Céu, estamos tão vazios quanto este, tão soltos quanto um condenado na cadeira elétrica.

domingo, 9 de maio de 2010

Minhas apenas


Há um brilho no fim do túnel. O que será? O que será?
Deve ser a luz que tanto procuro e anseio.
Estou eufórica, corro, mas não a ponto de me cansar, quero ter forças para aproveitar essa luz.
Não hesitei, meus olhos brilhavam de tanta emoção. De repente, um frio vindo de meu pé sobe a minha espinha, o que era aquilo, me indagava.
Resolvi me conter, era difícil, como era. Comecei então a caminhar com passos brandos. Logo à frente algo ainda reluzia mais nítido que antes, era um brilho estranho que às vezes tomava forma ondulada. Tentava de todas as formas continuar com a crença de que aquilo era minha tão sonhada luz.
De repente molhado. Aonde então me encontrava? Que lugar era aquele? Fiquei surpresa ao perceber que enquanto mais caminhava em direção ao brilho, mais envolta por água estava, vi-me então em uma grande poça. Tive medo, mais que em qualquer outro momento de minha vida. Mas aquele brilho ainda me chamava, ainda sonhava com o encontro da luz, ou o que quer que fosse aquilo. O que realmente era aquilo?
Fui tomada por sede, levei com a mão um pouco daquela água a meus lábios. Minha surpresa fora enorme, constatei absorta que não era água, mas sim lágrimas. Deu-me vontade de chorar, mas não chorei. Lembrei-me das inúmeras vezes que reprimi o choro, achando que assim seria melhor. Eu desejava nesse momento, apenas sair dali, seja lá onde me encontrava, e dessa maneira abandonar todos os pensamentos que vinham a minha mente.
Avancei sem rumo, não sabia mais para onde ir, tinha alucinações, ou tentava crer nisso.
Toquei com os pés em algo estranho, o medo havia me cegado, ao olhar para meu pé e o que esse havia tocado, estremeci, vi-me estatelada, sem ação alguma, boca aberta e olhos cheios d’água.
Eu havia pisado em algo meu, e de lá emanava a luz que me fizera eufórica de começo.
Um misto de emoções tomou conta de mim, finalmente chorei, afinal havia reencontrado minhas quimeras naquela poça de lágrimas.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fogareiro

Declarastes a mim seu carinho.
Respondo-te ainda com minha suave voz de indiferença.
Ah! Olhar insano carregado de desejo.
Diga-me o que anseias.
Para que eu possa desdenhar de sua capacidade.
Sei que queres que eu ceda.
Pra que assim possa desdenhar de mim.
Somos meros aprendizes de bruxo.
Até as nuvens conseguem por si só saber de nossos erros.
Nos dois juntos não conseguimos, ao menos, escutar o vento guia.
Gostaria de entregar-me a ti, podendo assim sentir o que não sei se realmente faz-se necessário existir.

Descontinuo

Se eu morrer deixe-me jogada as traças.
Deixe que as algas da ira entranhem em meu sangue.
Permita que minhas lágrimas de dor forrem meu caixão.
Pare de sucumbir meus anseios.
Deixe-me florescer ao menos uma vez a seu lado, pra que assim possa ser beijada por um beija-flor de emoção.
Deixe-me a sós mais uma vez, mas que dessa vez não haja presença física.
Deixarei então sua vontade prevalecer, pois quero ser feliz ao menos por um instante.

sábado, 10 de abril de 2010

Kamikaze

Estou distante daqueles
Aqueles lá...
Mas eles estão tão perto
Logo aqui...
É tão renovador apreciar seus sorrisos, o brilho no olhar pelas coisas mais simples, que outrora eu também gostava.
É tão triste descobrir que aquele sorriso tão eufórico, sumira de meus lábios.
Lábios estes que tudo o que dissera, assemelha-se as trincheiras da guerra, mas que o verdadeiro intuito dessas era alegrar.
Olhos de ébano me fitam, será que realmente sei o que doar?
Queria tanto que não mais existisse lágrimas, que não mais soubessem as minhas farsas.
Talento da mentira, adquirido com o tempo, comigo.
Finjo que sei qual é o problema, talvez eu realmente saiba, talvez a solução esteja em simplesmente, eu parar e logo após continuar, deixando de lado meus medos.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Trilha

Dissolva minha dor com suas mentiras,
Encha-me de seu falso amor,
Iluda-se com minha crença.
Abrace-me forte,
Dê-me quimeras,
Finja desespero com minha ausência pré-meditada.
Acredite em seu controle,
Controle a situação e seu ser
Descubra o óbvio,
Sou mais dissimulada que você.
Voe!

Necessidade

Não que eu realmente sinta sua falta,
Não que eu realmente precise de seu perdão e de suas palavras,
Não que a vida esteja a traçar uma nova encruzilhada de nossos sentimentos.
Não que eu sinta falta do ser que em você existia. Aquele, cujo brilho de personalidade me conquistou.
Não que eu sinta falta daquela límpida fonte de você que me saciava.
Ah! Linda fonte que agora simplesmente transborda fel,
Ah! Ser que simplesmente se tornou mais um em uma multidão,
Ah! Brilho deslumbrante que se tornou o fraquejar da chama de um lampião, que ainda resiste a mais tenebrosa escuridão de minha alma.
É que agora,
Sim,
Vejo que já não o amo mais.