domingo, 9 de maio de 2010

Minhas apenas


Há um brilho no fim do túnel. O que será? O que será?
Deve ser a luz que tanto procuro e anseio.
Estou eufórica, corro, mas não a ponto de me cansar, quero ter forças para aproveitar essa luz.
Não hesitei, meus olhos brilhavam de tanta emoção. De repente, um frio vindo de meu pé sobe a minha espinha, o que era aquilo, me indagava.
Resolvi me conter, era difícil, como era. Comecei então a caminhar com passos brandos. Logo à frente algo ainda reluzia mais nítido que antes, era um brilho estranho que às vezes tomava forma ondulada. Tentava de todas as formas continuar com a crença de que aquilo era minha tão sonhada luz.
De repente molhado. Aonde então me encontrava? Que lugar era aquele? Fiquei surpresa ao perceber que enquanto mais caminhava em direção ao brilho, mais envolta por água estava, vi-me então em uma grande poça. Tive medo, mais que em qualquer outro momento de minha vida. Mas aquele brilho ainda me chamava, ainda sonhava com o encontro da luz, ou o que quer que fosse aquilo. O que realmente era aquilo?
Fui tomada por sede, levei com a mão um pouco daquela água a meus lábios. Minha surpresa fora enorme, constatei absorta que não era água, mas sim lágrimas. Deu-me vontade de chorar, mas não chorei. Lembrei-me das inúmeras vezes que reprimi o choro, achando que assim seria melhor. Eu desejava nesse momento, apenas sair dali, seja lá onde me encontrava, e dessa maneira abandonar todos os pensamentos que vinham a minha mente.
Avancei sem rumo, não sabia mais para onde ir, tinha alucinações, ou tentava crer nisso.
Toquei com os pés em algo estranho, o medo havia me cegado, ao olhar para meu pé e o que esse havia tocado, estremeci, vi-me estatelada, sem ação alguma, boca aberta e olhos cheios d’água.
Eu havia pisado em algo meu, e de lá emanava a luz que me fizera eufórica de começo.
Um misto de emoções tomou conta de mim, finalmente chorei, afinal havia reencontrado minhas quimeras naquela poça de lágrimas.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fogareiro

Declarastes a mim seu carinho.
Respondo-te ainda com minha suave voz de indiferença.
Ah! Olhar insano carregado de desejo.
Diga-me o que anseias.
Para que eu possa desdenhar de sua capacidade.
Sei que queres que eu ceda.
Pra que assim possa desdenhar de mim.
Somos meros aprendizes de bruxo.
Até as nuvens conseguem por si só saber de nossos erros.
Nos dois juntos não conseguimos, ao menos, escutar o vento guia.
Gostaria de entregar-me a ti, podendo assim sentir o que não sei se realmente faz-se necessário existir.

Descontinuo

Se eu morrer deixe-me jogada as traças.
Deixe que as algas da ira entranhem em meu sangue.
Permita que minhas lágrimas de dor forrem meu caixão.
Pare de sucumbir meus anseios.
Deixe-me florescer ao menos uma vez a seu lado, pra que assim possa ser beijada por um beija-flor de emoção.
Deixe-me a sós mais uma vez, mas que dessa vez não haja presença física.
Deixarei então sua vontade prevalecer, pois quero ser feliz ao menos por um instante.

sábado, 10 de abril de 2010

Kamikaze

Estou distante daqueles
Aqueles lá...
Mas eles estão tão perto
Logo aqui...
É tão renovador apreciar seus sorrisos, o brilho no olhar pelas coisas mais simples, que outrora eu também gostava.
É tão triste descobrir que aquele sorriso tão eufórico, sumira de meus lábios.
Lábios estes que tudo o que dissera, assemelha-se as trincheiras da guerra, mas que o verdadeiro intuito dessas era alegrar.
Olhos de ébano me fitam, será que realmente sei o que doar?
Queria tanto que não mais existisse lágrimas, que não mais soubessem as minhas farsas.
Talento da mentira, adquirido com o tempo, comigo.
Finjo que sei qual é o problema, talvez eu realmente saiba, talvez a solução esteja em simplesmente, eu parar e logo após continuar, deixando de lado meus medos.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Trilha

Dissolva minha dor com suas mentiras,
Encha-me de seu falso amor,
Iluda-se com minha crença.
Abrace-me forte,
Dê-me quimeras,
Finja desespero com minha ausência pré-meditada.
Acredite em seu controle,
Controle a situação e seu ser
Descubra o óbvio,
Sou mais dissimulada que você.
Voe!

Necessidade

Não que eu realmente sinta sua falta,
Não que eu realmente precise de seu perdão e de suas palavras,
Não que a vida esteja a traçar uma nova encruzilhada de nossos sentimentos.
Não que eu sinta falta do ser que em você existia. Aquele, cujo brilho de personalidade me conquistou.
Não que eu sinta falta daquela límpida fonte de você que me saciava.
Ah! Linda fonte que agora simplesmente transborda fel,
Ah! Ser que simplesmente se tornou mais um em uma multidão,
Ah! Brilho deslumbrante que se tornou o fraquejar da chama de um lampião, que ainda resiste a mais tenebrosa escuridão de minha alma.
É que agora,
Sim,
Vejo que já não o amo mais.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Esplendor

Chacinaremos o mais viril dos homens,
Amamentaremos o mais cruel dos iníquos,
Fugiremos de sua benevolência,
Desenharemos o desencontro de nossos mundos,
Escravizaremos os bons, deixando-os livres da alforria.
Anunciarei a gélida estrela de fogo,
E então lhe direi:
- Deixe as almas perecendo no ardor das brasas ensangüentadas.
- Deixe que a ínfima brisa do vento urrante, te resgate do Seol de esperanças.
- Simplesmente diga: “eu desisto”, e viva sua realidade insignificante.

Partes Perdidas

É incrível como as pessoas não percebem a real necessidade de outros chorarem, não percebem a complexidade de um sorriso ou de uma simples palavra, seja essa bem recebida ou não. Por mais doloroso que seja é necessário em alguns momentos magoar aqueles que amamos, é necessário deixá-los para trás e excluí-los de nossas vidas, isso para que possamos seguir em frente, e deixar que sigam em frente. Para sermos felizes e mostrarmos a felicidade a outros. Para que cresçamos juntos.
Quando tomar essa decisão? Quando chorar? Quando saber que o melhor é levar para o futuro apenas as lembranças felizes e infelizes, que nos farão rir e chorar no presente, que nos fará dizer “nem tudo foi completamente inútil, nem tudo fora uma lacuna em nossa sutil existência”?
A única coisa que nos resta, é tentar achar a solução dessa complicada equação, e enquanto essa não chega, que aproveitemos, até as lembranças tomarem o lugar de nossas partes deixadas para trás.